Radio Católica On-line

Homens a Luz de Deus.

Aleluia! Tu é abênçoado, e a sua Graça ja estar sendo preparada por Jesus, chegará em uma boa hora, pois ele conhece o teu coração e seus problemas, ele sofre com vc, ele se alegra com vc, mais aquele seu desejo, será agora atendido, espere que um anjo trará sua Graça, apenas agradeça ao Senhor e assim que receber, fale em seu pensamento. AMEM !

2011/04/11

3º domingo da Quaresma

Textos:
Êxodo 17,3-7
Salmo 94,1-2.6-9
Romanos 5,1-2.5-8
João 4,5-42.

Água é vida. Quando os astrônomos buscam pelas galáxias planetas capazes de vida, verificam a massa do planeta e da estrela-sol, a distância entre eles, a rotação e translação, para verem se é possível água liquida em abundância. Para o povo da Bíblia, água era mais fundamental, por ser escassa. Nós no Brasil não temos a experiência daqueles povos. Mesmo no sertão nordestino, o problema não é falta, é irregularidade. Assim que a solução apontada tem sido o armazenamento distribuído da água abundante de chuva em milhares de cisternas domésticas. Mas em Israel, o problema tem sido quantidade. O Israel moderno pós-1948, com técnicos formados nas melhores universidades do Ocidente, equacionou o problema em grande parte com água do mar dessalinizada. Para o povo da Bíblia, a associação entre água e vida é mais imediata que para nós, mexe mais com emoções.

O povo de Israel no deserto do Sinai protesta contra Moisés por causa das condições duras de nômades em região árida. Em passagem próxima da de hoje, diz: " melhor ser escravo dos egípcios, que morrer no deserto ". A liberdade e a vida a mais são desconfortáveis, às vezes. "Massa" e "Meriba" querem dizer "dissidência, divergência" e "provocação, protesto mal-humorado". Moisés deu este nome àquele lugar. "Fechar o coração" é ficar de mau humor a ponto de agir irracionalmente, bloquear-se afetivamente numa atitude. O que pode ser engraçadinho como no menino pirracento de quem a mãe diz " ah, deixa: quando resolver, ele merenda " e ele contrariado: " eu num resóvo !". Mas em adultos pode ser sério, porque se prejudicam com isso. Na cultura bíblica, "coração" é o que nos "guia" na vida, nos dá o para onde e o como estaremos indo. O que em parte em nossa cultura ocidental é papel do "cérebro", da "cabeça". Mas mesmo em nossas línguas a dimensão "condutiva" do coração aparece (por exemplo) em "coragem", que se deriva de "coração", da mesma raiz. "Fechar o coração" não deixa ir adiante.

Paulo diz aos romanos (e a nós) que a esperança não decepciona. O fundamento da esperança em termos de nossa realidade profunda é o Espírito Santo agindo em nós: é uma ação real, suave, faz parte da vida participada da Trindade que Ele instaura em nós. O fundamento da esperança em nossa visão das coisas, em nossa subjetividade, é o amor sem limites com que Deus nos amou. Jesus morreu por nós. Noite destas vi no jornal da TV pessoas entrevistadas na rua em São Paulo, sobre os técnicos japoneses que arriscavam a vida para reduzirem o vazamento radioativo em Fukushima. Vários elogiavam e diziam que era admirável, mas não seriam capazes de atitude assim. Mas um homem disse que algo assim não se justificava em caso algum, "nem para salvar um filho, quanto mais estranhos". Não deixa de ser um pouco decepcionante: pagãos formados na ética samurai de amor profundo e efetivo a seu povo (japonês) são capazes do que parece inaceitável a gente num país que se diz cristão.

Jesus Cristo é surpreendente e desconcertante. Sobretudo para meios muito piedosos e morais, ele é desconcertante.

Os rabis não falavam a mulheres sobre a Lei, sobre Javé, sobre vida no espírito. Com as da família, falavam de assuntos domésticos. Na sinagoga, as mulheres ocupavam bancada própria e os rabis ostensivamente não se dirigiam a elas, ignoravam-nas voltados para os homens. Jesus fala de Javé, de adoração em espírito e verdade, de vida no espírito a uma mulher. Os discípulos se espantam de que esteja conversando com ela. Engraçado, vocês não acham? A esta altura, ele tinha discípulas . Eles sabiam disto e quem eram .

Esta é samaritana. Sabem que no tempo do neto de Davi dez tribos romperam com ele e formaram reino à parte. A família de Davi reinou sobre o Sul, o reino de Judá. O norte era reino de Efraim, que os outros povos ao redor chamavam de "Israel". Dos dois lados, por séculos, muita gente misturou a adoração de Javé com os cultos dos deuses pagãos, porém ainda mais no Norte. Josias conseguiu por uns anos cerzir a unidade do tempo de Davi. Mas veio o segundo exílio (quando os caldeus destruíram Judá). Quando o rei da Pérsia derrotou a Caldéia e apoiou a volta dos israelitas a sua terra, os de Judá tinham conservado certa unidade e raízes; lideraram a volta e a reconstrução. Os do norte estavam muito misturados (por casamentos, por cultura) com gente de outros povos. Neste tempo se escrevem (no Sul) livros como Rute (" gente, a avó de Davi era moabita! ") e Jonas (" se assírios se convertem, Javé os perdoa! "); mas o purismo religioso (e nacional) venceu. Os samaritanos quiseram ajudar a reconstruir o Templo em Jerusalém, mas os donos da pureza religiosa não deixaram. Esta rejeição lascou de vez o racha e a vaca da separação foi inarredavelmente para o brejo. Irmãos rejeitados e renegados se odeiam pior do que estranhos hostis. A própria mulher objeta a Jesus, " Como tu, judeu, pedes água a mim, samaritana? ". Ela levanta a discussão, se "o certo" é adorar Javé no Garizim, onde "nosso pai" Jacó (meu e teu!) levantou um monumento de louvor a Javé, ou nesse Templo de Salomão em Jerusalém.

E mais. Esta mulher não é assim o exemplo que mães zelosas citariam a suas filhas mocinhas, no item (bom) comportamento sexual. Ela tem de buscar água ao meio dia (o usual era ao amanhecer ou depois do pôr do sol) porque as mulheres de Sicar a discriminam e marginalizam. Vocês adivinham, por que o mulherio sicarenho tem raiva dela? É verdade que os cinco homens que teve e o que não é dela agora, remetem simbolicamente à confusão religiosa sincrética da Samaria. Ela vai ser símbolo de seu povo, acolhido com afeto por Jesus do jeito que é, para ser ajudado a se libertar e viver melhor nos planos de Deus.

Jesus tem uma preferência - ideológica no melhor sentido - por quem está "por fora" e "por baixo". É muito desconcertante.

Instituto Nª. Sª. do Brasil (INOSEB) e
Capela Nª. Sª. dos Navegantes
Varjão DF

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2011/04/11

3º domingo da Quaresma

Textos:
Êxodo 17,3-7
Salmo 94,1-2.6-9
Romanos 5,1-2.5-8
João 4,5-42.

Água é vida. Quando os astrônomos buscam pelas galáxias planetas capazes de vida, verificam a massa do planeta e da estrela-sol, a distância entre eles, a rotação e translação, para verem se é possível água liquida em abundância. Para o povo da Bíblia, água era mais fundamental, por ser escassa. Nós no Brasil não temos a experiência daqueles povos. Mesmo no sertão nordestino, o problema não é falta, é irregularidade. Assim que a solução apontada tem sido o armazenamento distribuído da água abundante de chuva em milhares de cisternas domésticas. Mas em Israel, o problema tem sido quantidade. O Israel moderno pós-1948, com técnicos formados nas melhores universidades do Ocidente, equacionou o problema em grande parte com água do mar dessalinizada. Para o povo da Bíblia, a associação entre água e vida é mais imediata que para nós, mexe mais com emoções.

O povo de Israel no deserto do Sinai protesta contra Moisés por causa das condições duras de nômades em região árida. Em passagem próxima da de hoje, diz: " melhor ser escravo dos egípcios, que morrer no deserto ". A liberdade e a vida a mais são desconfortáveis, às vezes. "Massa" e "Meriba" querem dizer "dissidência, divergência" e "provocação, protesto mal-humorado". Moisés deu este nome àquele lugar. "Fechar o coração" é ficar de mau humor a ponto de agir irracionalmente, bloquear-se afetivamente numa atitude. O que pode ser engraçadinho como no menino pirracento de quem a mãe diz " ah, deixa: quando resolver, ele merenda " e ele contrariado: " eu num resóvo !". Mas em adultos pode ser sério, porque se prejudicam com isso. Na cultura bíblica, "coração" é o que nos "guia" na vida, nos dá o para onde e o como estaremos indo. O que em parte em nossa cultura ocidental é papel do "cérebro", da "cabeça". Mas mesmo em nossas línguas a dimensão "condutiva" do coração aparece (por exemplo) em "coragem", que se deriva de "coração", da mesma raiz. "Fechar o coração" não deixa ir adiante.

Paulo diz aos romanos (e a nós) que a esperança não decepciona. O fundamento da esperança em termos de nossa realidade profunda é o Espírito Santo agindo em nós: é uma ação real, suave, faz parte da vida participada da Trindade que Ele instaura em nós. O fundamento da esperança em nossa visão das coisas, em nossa subjetividade, é o amor sem limites com que Deus nos amou. Jesus morreu por nós. Noite destas vi no jornal da TV pessoas entrevistadas na rua em São Paulo, sobre os técnicos japoneses que arriscavam a vida para reduzirem o vazamento radioativo em Fukushima. Vários elogiavam e diziam que era admirável, mas não seriam capazes de atitude assim. Mas um homem disse que algo assim não se justificava em caso algum, "nem para salvar um filho, quanto mais estranhos". Não deixa de ser um pouco decepcionante: pagãos formados na ética samurai de amor profundo e efetivo a seu povo (japonês) são capazes do que parece inaceitável a gente num país que se diz cristão.

Jesus Cristo é surpreendente e desconcertante. Sobretudo para meios muito piedosos e morais, ele é desconcertante.

Os rabis não falavam a mulheres sobre a Lei, sobre Javé, sobre vida no espírito. Com as da família, falavam de assuntos domésticos. Na sinagoga, as mulheres ocupavam bancada própria e os rabis ostensivamente não se dirigiam a elas, ignoravam-nas voltados para os homens. Jesus fala de Javé, de adoração em espírito e verdade, de vida no espírito a uma mulher. Os discípulos se espantam de que esteja conversando com ela. Engraçado, vocês não acham? A esta altura, ele tinha discípulas . Eles sabiam disto e quem eram .

Esta é samaritana. Sabem que no tempo do neto de Davi dez tribos romperam com ele e formaram reino à parte. A família de Davi reinou sobre o Sul, o reino de Judá. O norte era reino de Efraim, que os outros povos ao redor chamavam de "Israel". Dos dois lados, por séculos, muita gente misturou a adoração de Javé com os cultos dos deuses pagãos, porém ainda mais no Norte. Josias conseguiu por uns anos cerzir a unidade do tempo de Davi. Mas veio o segundo exílio (quando os caldeus destruíram Judá). Quando o rei da Pérsia derrotou a Caldéia e apoiou a volta dos israelitas a sua terra, os de Judá tinham conservado certa unidade e raízes; lideraram a volta e a reconstrução. Os do norte estavam muito misturados (por casamentos, por cultura) com gente de outros povos. Neste tempo se escrevem (no Sul) livros como Rute (" gente, a avó de Davi era moabita! ") e Jonas (" se assírios se convertem, Javé os perdoa! "); mas o purismo religioso (e nacional) venceu. Os samaritanos quiseram ajudar a reconstruir o Templo em Jerusalém, mas os donos da pureza religiosa não deixaram. Esta rejeição lascou de vez o racha e a vaca da separação foi inarredavelmente para o brejo. Irmãos rejeitados e renegados se odeiam pior do que estranhos hostis. A própria mulher objeta a Jesus, " Como tu, judeu, pedes água a mim, samaritana? ". Ela levanta a discussão, se "o certo" é adorar Javé no Garizim, onde "nosso pai" Jacó (meu e teu!) levantou um monumento de louvor a Javé, ou nesse Templo de Salomão em Jerusalém.

E mais. Esta mulher não é assim o exemplo que mães zelosas citariam a suas filhas mocinhas, no item (bom) comportamento sexual. Ela tem de buscar água ao meio dia (o usual era ao amanhecer ou depois do pôr do sol) porque as mulheres de Sicar a discriminam e marginalizam. Vocês adivinham, por que o mulherio sicarenho tem raiva dela? É verdade que os cinco homens que teve e o que não é dela agora, remetem simbolicamente à confusão religiosa sincrética da Samaria. Ela vai ser símbolo de seu povo, acolhido com afeto por Jesus do jeito que é, para ser ajudado a se libertar e viver melhor nos planos de Deus.

Jesus tem uma preferência - ideológica no melhor sentido - por quem está "por fora" e "por baixo". É muito desconcertante.

Instituto Nª. Sª. do Brasil (INOSEB) e
Capela Nª. Sª. dos Navegantes
Varjão DF

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