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Homens a Luz de Deus.

Aleluia! Tu é abênçoado, e a sua Graça ja estar sendo preparada por Jesus, chegará em uma boa hora, pois ele conhece o teu coração e seus problemas, ele sofre com vc, ele se alegra com vc, mais aquele seu desejo, será agora atendido, espere que um anjo trará sua Graça, apenas agradeça ao Senhor e assim que receber, fale em seu pensamento. AMEM !

2010/05/08

Catequese do Papa: a missão de santificar dos sacerdotes

Intervenção na audiência geral de hoje




CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 5 de maio de 2010 (ZENIT.org). - Publicamos, a seguir, o discurso pronunciado nesta quarta-feira por Bento XVI por ocasião da audiência geral na Praça São Pedro, dedicada à missão confiada aos sacerdotes de santificar os homens.

* * *

Caros irmãos e irmãs,

Domingo passado, durante minha visita pastoral a Turim, tive a alegria de me deter em oração diante do Santo Sudário, unindo-me aos outros dois milhões de peregrinos que durante a solene ostensão destes dias, puderam contemplá-lo. Aquele tecido sagrado pode nutrir e alimentar a fé e revigorar a piedade cristã, pois nos leva a nos voltar ao Rosto de Cristo, ao Corpo de Cristo crucificado e ressuscitado, a contemplar o Mistério Pascal, centro da mensagem cristã. Do Corpo de Cristo ressuscitado, vivo e atuante na história (cf. Rm 12, 5), nós, caros irmãos, somos membros vivos, cada um com sua própria função, associada à tarefa que o Senhor nos quis confiar. Hoje, nesta catequese, eu gostaria de retornar às tarefas específicas dos sacerdotes, que, segundo a tradição, são essencialmente três: ensinar, santificar e governar. Em uma das catequeses precedentes, falei sobre a primeira destas missões: o ensinamento, o anúncio da verdade, o anúncio do Deus revelado em Cristo, ou - com outras palavras - a missão profética de colocar o homem em contato com a verdade, de ajudá-lo a conhecer o essencial de sua vida e da própria realidade.

Hoje, eu gostaria de refletir brevemente convosco sobre a tarefa do sacerdote, a de santificar os homens, principalmente mediante os sacramentos e o culto da Igreja. Aqui devemos, primeiramente, perguntar-nos: o que quer dizer a palavra "santo"? A resposta é: "santo" é a qualidade específica do ser de Deus, isto é, absoluta verdade, bondade, amor, beleza - pura luz. Santificar uma pessoa significa, portanto, colocá-la em contato com Deus, com este seu ser luz, verdade e amor puro. É óbvio que tal contato transforma a pessoa. Na antiguidade, havia esta firme convicção: ninguém poderia ver Deus sem morrer imediatamente.

A força de verdade e de luz é grande demais! Se o homem toca esta torrente absoluta, não sobrevive. Por outro lado, havia também a convicção: sem um mínimo contato com Deus, o homem não pode viver. Verdade, bondade, amor são condições fundamentais de seu ser. A questão é: como pode o homem encontrar aquele contato com Deus, que é fundamental, sem morrer esmagado pela grandeza do ser divino? A fé da Igreja nos diz que o próprio Deus estabelece este contato, que nos transforma paulatinamente em verdadeiras imagens de Deus.

Assim, voltamos à tarefa do sacerdote de "santificar". Nenhum homem, por si mesmo, a partir de suas próprias forças, pode colocar alguém em contato com Deus. Parte essencial da graça do sacerdócio é o dom, a tarefa de criar este contato. Este se realiza no anúncio da Palavra de Deus, na qual sua luz vem ao nosso encontro. Realiza-se de um modo particularmente denso nos sacramentos. A imersão no mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo se dá no Batismo, é reforçada na Confirmação e na Reconciliação, é alimentada pela Eucaristia, sacramento que edifica a Igreja como Povo de Deus, Corpo de Cristo, tmplo do Espírito Santo (cf. João Paulo II, Pastores gregis, n. 32). É, portanto, o próprio Cristo quem nos torna santos, isto é, nos lança na esfera de Deus. Mas, como ato de sua infinita misericórdia, chama alguns a "estar" com Ele (cf. Mc 3, 14) e se tornar, mediante o sacramento da Ordem, a despeito da pobreza humana, participantes de seu próprio sacerdócio, ministros desta santificação, dispensadores de seus mistérios, "pontos de encontro" com Ele, de sua mediação entre Deus e os homens e entre os homens e Deus (cf. n. 5).

Nas últimas décadas, houve tendências orientadas a fazer prevalecer, na identidade e na missão do sacerdote, a dimensão do anúncio, separando-a daquela da santificação; com frequência se afirmou que seria necessário superar uma pastoral meramente sacramental.

Mas é possível exercitar de maneira autêntica o ministério sacerdotal "superando" a pastoral sacramental? O que significa propriamente para os sacerdotes evangelizar, no que consiste a assim chamada primazia do anúncio? Como reportam os Evangelhos, Jesus afirma que o anúncio do Reino de Deus é o objetivo de sua missão; este anúncio, porém, não é apenas um "discurso", mas inclui, ao mesmo tempo, seu próprio agir; os sinais, os milagres que Jesus realiza indicam que o Reino vem como realidade presente e que coincide no fim com sua própria pessoa, com sua doação de si, como pudemos sentir hoje na leitura do Evangelho.

E o mesmo vale para o ministro ordenado: ele, o sacerdote, representa Cristo, o enviado do Pai, dá continuidade à sua missão, mediante a "palavra" e o "sacramento", nesta totalidade de corpo e alma, símbolo e palavra. Santo Agostinho, em uma carta ao bispo honorável de Thiabe, referindo-se aos sacerdotes, afirma: "Que façam, portanto, os servos de Cristo, os ministros de sua palavra e de seu sacramento, aquilo que ele ordenou ou permitiu" (Epístola 228, 2).

É necessário refletir se, em alguns casos, a subvalorização do exercício do munus sanctificandi não teria se refletido num enfraquecimento dessa mesma fé na eficácia salvífica dos sacramentos e, em definitivo, na atuação atual de Cristo e de seu Espírito através da Igreja, no mundo.

Quem, assim, salva o mundo e o homem? A única resposta que podemos oferecer é: Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo, crucificado e ressuscitado. E onde se atualiza o mistério da morte e ressurreição de Cristo, que conduz à salvação? Na ação de Cristo mediante a Igreja, em particular no sacramento da Eucaristia, que torna presente a oferenda sacrifical redentora do Filho de Deus, no sacramento da Reconciliação, no qual da morte do pecado volta-se para a vida nova, e qualquer outro ato sacramental de santificação. Por isso, é importante promover uma catequese adequada, a fim de auxiliar os fiéis a compreenderem o valor dos sacramentos, mas é também necessário, a exemplo de Santo Cura d'Ars, sermos disponíveis, generosos e atentos no doar aos irmãos os tesouros da graça que Deus colocou em nossas mãos, e das quais não somos "proprietários", mas tutores e administradores. Principalmente em nosso tempo, no qual, por um lado, parece que a fé está se enfraquecendo e, por outro, emerge uma necessidade profunda e uma busca difundida por espiritualidade, é necessário que cada sacerdote lembre que, em sua missão, o anúncio missionário, o culto e os sacramentos nunca estão separados, e que promova uma sã pastoral sacramental, a fim de formar o povo de Deus e ajudá-lo a viver em plenitude a liturgia, o culto da Igreja, os sacramentos como dons gratuitos de Deus, atos livres e eficazes de sua ação de salvação.

Como lembrei na santa Missa Crismal deste ano: "No centro do culto da Igreja está o Sacramento. Sacramento significa que, em primeiro lugar, não somos nós, homens, que realizamos algo, mas Deus que, em antecipação, vem ao nosso encontro com seu agir, e nos conduz em direção a Si. (...) Deus nos toca por meio de realidades materiais (...) que Ele coloca a seu serviço, tornando-as instrumentos do encontro entre nós e Ele" (Missa Crismal, 1º de abril de 2010). A verdade segundo a qual no sacramento "não somos nós homens que realizamos algo" remete, e deve remeter, também à consciência sacerdotal: cada presbítero sabe muito bem ser instrumento necessário ao agir salvífico de Deus, mas também sabe ser sempre um instrumento. Tal consciência deve torná-los humildes e generosos na administração dos sacramentos, no respeito às normas canônicas, mas também na profunda convicção que sua própria missão é fazer com que todos os homens, unidos em Cristo, possam oferecer-se a Deus como hóstia viva e santa a Ele agradável (cf. Rm 12, 1).

Exemplar, a respeito da primazia do munus sanctificandi e da correta interpretação da pastoral sacramental é, uma vez mais, São João Maria Vianney, o qual, certo dia, frente a um homem que dizia não ter fé e que desejava discutir com ele, respondeu: "Oh! Meu amigo, não sei raciocinar... mas se precisares de alguma consolação, entre ali... (apontando para o confessionário) e acredite, muitos outros entraram antes de ti e não tiveram de arrepender-se" (cf. Monnin A., Il Curato d'Ars. Vita di Gian-Battista-Maria Vianney, vol. I, Turín 1870, p. 163-164).

Caros sacerdotes, vivei com alegria e com amor a liturgia e o culto: é ação que o Ressuscitado cumpre na potência do Espírito Santo em nós e por nós. Eu gostaria de renovar o convite feito recentemente a "voltar ao confessionário, como local nos qual se celebra o sacramento da Reconciliação, mas também como lugar a ser ‘habitado' com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, junto à presença real na Eucaristia" (Discurso na Penitenciaria Apostólica, 11 de março de 2010). E gostaria também de convidar cada sacerdote a celebrar e viver com intensidade a Eucaristia, que está no coração da missão de santificar; é Jesus que deseja estar conosco, viver em nós, doar-se a si mesmo, mostrar-nos a infinita misericórdia e ternura de Deus; é o único sacrifício de amor de Cristo que se faz presente, se realiza entre nós e alcança até o trono da Graça, na presença de Deus, abraça a humanidade e nos une a Ele (cf. Discurso ao clero de Roma, 18 de fevereiro de 2010). E o sacerdote é chamado a ser ministro deste grande Mistério, no Sacramento e na vida. Se "a grande tradição eclesial desvinculou com razão a eficácia sacramental da situação existencial concreta do sacerdote, de modo que assim as legítimas expectativas dos fiéis são salvaguardadas", isto não implica na dispensa "da necessária, antes indispensável tensão em direção à perfeição moral, que deve habitar todo coração autenticamente sacerdotal": há também um exemplo de fé e de testemunho de santidade, que o Povo de Deus espera justamente de seus Pastores (cf. Bento XVI, Discurso à Plenária da Congregação para o Clero, 16 de março de 2009). E é na celebração dos Santos Mistérios que o sacerdote encontra a raiz de sua santificação.

Caros amigos, sede cientes do grande dom que os sacerdotes representam para a Igreja e para o mundo; através de seu ministério, o Senhor continua a salvar os homens, a se fazer presente, a santificar. Sabei agradecer a Deus, e sobretudo, permanecei próximos de vossos sacerdotes com a oração e o apoio, especialmente nos momentos de dificuldade, para que sejam cada vez mais pastores segundo o coração de Deus. Obrigado.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:
Os sacerdotes são um grande dom para a Igreja e para o mundo; através do seu ministério, o Senhor continua a salvar os homens, a tornar-se presente e a santificar. Como o Santo Cura d'Ars, sejam generosos na distribuição dos tesouros da graça que Deus colocou em nossas mãos. Uma saudação cordial aos grupos do Brasil, designadamente aos fiéis do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Botucatu, e demais peregrinos de língua portuguesa. Com a Virgem Maria, neste mês que lhe é especialmente dedicado, imploremos o Espírito de Amor sobre todos os sacerdotes para que sejam pastores segundo o coração de Deus. Sobre vós, vossas famílias e paróquias, desça a minha Bênção. Aproveito este momento para enviar uma saudação particular ao querido povo de Portugal, país com uma história muito ligada ao Papa, bispo de Roma. Para lá partirei na próxima terça-feira, aceitando o convite que me foi feito pelo Senhor Presidente da República e pela Conferência Episcopal Portuguesa. Sinto-me muito feliz por poder visitar as «Terras de Santa Maria», no décimo aniversário da beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto. A todos, sem excluir ninguém, saúdo cordialmente. Até breve, em Lisboa, Fátima e Porto!


[Tradução: Paulo Marcelo de Avellar Silva.

©Libreria Editrice Vaticana]

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2010/05/08

Catequese do Papa: a missão de santificar dos sacerdotes

Intervenção na audiência geral de hoje




CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 5 de maio de 2010 (ZENIT.org). - Publicamos, a seguir, o discurso pronunciado nesta quarta-feira por Bento XVI por ocasião da audiência geral na Praça São Pedro, dedicada à missão confiada aos sacerdotes de santificar os homens.

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Caros irmãos e irmãs,

Domingo passado, durante minha visita pastoral a Turim, tive a alegria de me deter em oração diante do Santo Sudário, unindo-me aos outros dois milhões de peregrinos que durante a solene ostensão destes dias, puderam contemplá-lo. Aquele tecido sagrado pode nutrir e alimentar a fé e revigorar a piedade cristã, pois nos leva a nos voltar ao Rosto de Cristo, ao Corpo de Cristo crucificado e ressuscitado, a contemplar o Mistério Pascal, centro da mensagem cristã. Do Corpo de Cristo ressuscitado, vivo e atuante na história (cf. Rm 12, 5), nós, caros irmãos, somos membros vivos, cada um com sua própria função, associada à tarefa que o Senhor nos quis confiar. Hoje, nesta catequese, eu gostaria de retornar às tarefas específicas dos sacerdotes, que, segundo a tradição, são essencialmente três: ensinar, santificar e governar. Em uma das catequeses precedentes, falei sobre a primeira destas missões: o ensinamento, o anúncio da verdade, o anúncio do Deus revelado em Cristo, ou - com outras palavras - a missão profética de colocar o homem em contato com a verdade, de ajudá-lo a conhecer o essencial de sua vida e da própria realidade.

Hoje, eu gostaria de refletir brevemente convosco sobre a tarefa do sacerdote, a de santificar os homens, principalmente mediante os sacramentos e o culto da Igreja. Aqui devemos, primeiramente, perguntar-nos: o que quer dizer a palavra "santo"? A resposta é: "santo" é a qualidade específica do ser de Deus, isto é, absoluta verdade, bondade, amor, beleza - pura luz. Santificar uma pessoa significa, portanto, colocá-la em contato com Deus, com este seu ser luz, verdade e amor puro. É óbvio que tal contato transforma a pessoa. Na antiguidade, havia esta firme convicção: ninguém poderia ver Deus sem morrer imediatamente.

A força de verdade e de luz é grande demais! Se o homem toca esta torrente absoluta, não sobrevive. Por outro lado, havia também a convicção: sem um mínimo contato com Deus, o homem não pode viver. Verdade, bondade, amor são condições fundamentais de seu ser. A questão é: como pode o homem encontrar aquele contato com Deus, que é fundamental, sem morrer esmagado pela grandeza do ser divino? A fé da Igreja nos diz que o próprio Deus estabelece este contato, que nos transforma paulatinamente em verdadeiras imagens de Deus.

Assim, voltamos à tarefa do sacerdote de "santificar". Nenhum homem, por si mesmo, a partir de suas próprias forças, pode colocar alguém em contato com Deus. Parte essencial da graça do sacerdócio é o dom, a tarefa de criar este contato. Este se realiza no anúncio da Palavra de Deus, na qual sua luz vem ao nosso encontro. Realiza-se de um modo particularmente denso nos sacramentos. A imersão no mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo se dá no Batismo, é reforçada na Confirmação e na Reconciliação, é alimentada pela Eucaristia, sacramento que edifica a Igreja como Povo de Deus, Corpo de Cristo, tmplo do Espírito Santo (cf. João Paulo II, Pastores gregis, n. 32). É, portanto, o próprio Cristo quem nos torna santos, isto é, nos lança na esfera de Deus. Mas, como ato de sua infinita misericórdia, chama alguns a "estar" com Ele (cf. Mc 3, 14) e se tornar, mediante o sacramento da Ordem, a despeito da pobreza humana, participantes de seu próprio sacerdócio, ministros desta santificação, dispensadores de seus mistérios, "pontos de encontro" com Ele, de sua mediação entre Deus e os homens e entre os homens e Deus (cf. n. 5).

Nas últimas décadas, houve tendências orientadas a fazer prevalecer, na identidade e na missão do sacerdote, a dimensão do anúncio, separando-a daquela da santificação; com frequência se afirmou que seria necessário superar uma pastoral meramente sacramental.

Mas é possível exercitar de maneira autêntica o ministério sacerdotal "superando" a pastoral sacramental? O que significa propriamente para os sacerdotes evangelizar, no que consiste a assim chamada primazia do anúncio? Como reportam os Evangelhos, Jesus afirma que o anúncio do Reino de Deus é o objetivo de sua missão; este anúncio, porém, não é apenas um "discurso", mas inclui, ao mesmo tempo, seu próprio agir; os sinais, os milagres que Jesus realiza indicam que o Reino vem como realidade presente e que coincide no fim com sua própria pessoa, com sua doação de si, como pudemos sentir hoje na leitura do Evangelho.

E o mesmo vale para o ministro ordenado: ele, o sacerdote, representa Cristo, o enviado do Pai, dá continuidade à sua missão, mediante a "palavra" e o "sacramento", nesta totalidade de corpo e alma, símbolo e palavra. Santo Agostinho, em uma carta ao bispo honorável de Thiabe, referindo-se aos sacerdotes, afirma: "Que façam, portanto, os servos de Cristo, os ministros de sua palavra e de seu sacramento, aquilo que ele ordenou ou permitiu" (Epístola 228, 2).

É necessário refletir se, em alguns casos, a subvalorização do exercício do munus sanctificandi não teria se refletido num enfraquecimento dessa mesma fé na eficácia salvífica dos sacramentos e, em definitivo, na atuação atual de Cristo e de seu Espírito através da Igreja, no mundo.

Quem, assim, salva o mundo e o homem? A única resposta que podemos oferecer é: Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo, crucificado e ressuscitado. E onde se atualiza o mistério da morte e ressurreição de Cristo, que conduz à salvação? Na ação de Cristo mediante a Igreja, em particular no sacramento da Eucaristia, que torna presente a oferenda sacrifical redentora do Filho de Deus, no sacramento da Reconciliação, no qual da morte do pecado volta-se para a vida nova, e qualquer outro ato sacramental de santificação. Por isso, é importante promover uma catequese adequada, a fim de auxiliar os fiéis a compreenderem o valor dos sacramentos, mas é também necessário, a exemplo de Santo Cura d'Ars, sermos disponíveis, generosos e atentos no doar aos irmãos os tesouros da graça que Deus colocou em nossas mãos, e das quais não somos "proprietários", mas tutores e administradores. Principalmente em nosso tempo, no qual, por um lado, parece que a fé está se enfraquecendo e, por outro, emerge uma necessidade profunda e uma busca difundida por espiritualidade, é necessário que cada sacerdote lembre que, em sua missão, o anúncio missionário, o culto e os sacramentos nunca estão separados, e que promova uma sã pastoral sacramental, a fim de formar o povo de Deus e ajudá-lo a viver em plenitude a liturgia, o culto da Igreja, os sacramentos como dons gratuitos de Deus, atos livres e eficazes de sua ação de salvação.

Como lembrei na santa Missa Crismal deste ano: "No centro do culto da Igreja está o Sacramento. Sacramento significa que, em primeiro lugar, não somos nós, homens, que realizamos algo, mas Deus que, em antecipação, vem ao nosso encontro com seu agir, e nos conduz em direção a Si. (...) Deus nos toca por meio de realidades materiais (...) que Ele coloca a seu serviço, tornando-as instrumentos do encontro entre nós e Ele" (Missa Crismal, 1º de abril de 2010). A verdade segundo a qual no sacramento "não somos nós homens que realizamos algo" remete, e deve remeter, também à consciência sacerdotal: cada presbítero sabe muito bem ser instrumento necessário ao agir salvífico de Deus, mas também sabe ser sempre um instrumento. Tal consciência deve torná-los humildes e generosos na administração dos sacramentos, no respeito às normas canônicas, mas também na profunda convicção que sua própria missão é fazer com que todos os homens, unidos em Cristo, possam oferecer-se a Deus como hóstia viva e santa a Ele agradável (cf. Rm 12, 1).

Exemplar, a respeito da primazia do munus sanctificandi e da correta interpretação da pastoral sacramental é, uma vez mais, São João Maria Vianney, o qual, certo dia, frente a um homem que dizia não ter fé e que desejava discutir com ele, respondeu: "Oh! Meu amigo, não sei raciocinar... mas se precisares de alguma consolação, entre ali... (apontando para o confessionário) e acredite, muitos outros entraram antes de ti e não tiveram de arrepender-se" (cf. Monnin A., Il Curato d'Ars. Vita di Gian-Battista-Maria Vianney, vol. I, Turín 1870, p. 163-164).

Caros sacerdotes, vivei com alegria e com amor a liturgia e o culto: é ação que o Ressuscitado cumpre na potência do Espírito Santo em nós e por nós. Eu gostaria de renovar o convite feito recentemente a "voltar ao confessionário, como local nos qual se celebra o sacramento da Reconciliação, mas também como lugar a ser ‘habitado' com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, junto à presença real na Eucaristia" (Discurso na Penitenciaria Apostólica, 11 de março de 2010). E gostaria também de convidar cada sacerdote a celebrar e viver com intensidade a Eucaristia, que está no coração da missão de santificar; é Jesus que deseja estar conosco, viver em nós, doar-se a si mesmo, mostrar-nos a infinita misericórdia e ternura de Deus; é o único sacrifício de amor de Cristo que se faz presente, se realiza entre nós e alcança até o trono da Graça, na presença de Deus, abraça a humanidade e nos une a Ele (cf. Discurso ao clero de Roma, 18 de fevereiro de 2010). E o sacerdote é chamado a ser ministro deste grande Mistério, no Sacramento e na vida. Se "a grande tradição eclesial desvinculou com razão a eficácia sacramental da situação existencial concreta do sacerdote, de modo que assim as legítimas expectativas dos fiéis são salvaguardadas", isto não implica na dispensa "da necessária, antes indispensável tensão em direção à perfeição moral, que deve habitar todo coração autenticamente sacerdotal": há também um exemplo de fé e de testemunho de santidade, que o Povo de Deus espera justamente de seus Pastores (cf. Bento XVI, Discurso à Plenária da Congregação para o Clero, 16 de março de 2009). E é na celebração dos Santos Mistérios que o sacerdote encontra a raiz de sua santificação.

Caros amigos, sede cientes do grande dom que os sacerdotes representam para a Igreja e para o mundo; através de seu ministério, o Senhor continua a salvar os homens, a se fazer presente, a santificar. Sabei agradecer a Deus, e sobretudo, permanecei próximos de vossos sacerdotes com a oração e o apoio, especialmente nos momentos de dificuldade, para que sejam cada vez mais pastores segundo o coração de Deus. Obrigado.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:
Os sacerdotes são um grande dom para a Igreja e para o mundo; através do seu ministério, o Senhor continua a salvar os homens, a tornar-se presente e a santificar. Como o Santo Cura d'Ars, sejam generosos na distribuição dos tesouros da graça que Deus colocou em nossas mãos. Uma saudação cordial aos grupos do Brasil, designadamente aos fiéis do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Botucatu, e demais peregrinos de língua portuguesa. Com a Virgem Maria, neste mês que lhe é especialmente dedicado, imploremos o Espírito de Amor sobre todos os sacerdotes para que sejam pastores segundo o coração de Deus. Sobre vós, vossas famílias e paróquias, desça a minha Bênção. Aproveito este momento para enviar uma saudação particular ao querido povo de Portugal, país com uma história muito ligada ao Papa, bispo de Roma. Para lá partirei na próxima terça-feira, aceitando o convite que me foi feito pelo Senhor Presidente da República e pela Conferência Episcopal Portuguesa. Sinto-me muito feliz por poder visitar as «Terras de Santa Maria», no décimo aniversário da beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto. A todos, sem excluir ninguém, saúdo cordialmente. Até breve, em Lisboa, Fátima e Porto!


[Tradução: Paulo Marcelo de Avellar Silva.

©Libreria Editrice Vaticana]

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